26 de out. de 2012

histeria

de minha janela, olho pessoas de vidro
testemunho o brilho de uma estrela morta
debruçado na vontade do não ser
permito ao café esfriar
a nicotina me consome, passivo, eu, de ti
sempre fui mesmo
de pôr dor em pedestal
e quando enfim leio que de fato
só você preenche as lacunas de meu corpo
suas asas em meus braços
sua língua a me ensinar novo código
meu prazer em ti introduzido
suor lubrificante
eis meu instante de histeria
então paredes adormecem minha fúria
e se pintam de meu fluido tinto suave
que escorre de um rubro coração rude
que se esvai vermelho fogo fátuo afora
dispo a alma que já me era nua
e me enterro em querer-saturnino de ter plurais luas
onde ao menos numa reinar eu possa
ainda que diminuto príncipe absoluto
caído obediente tão somente ao desejo de nos ter

Mergulhão

Amor. E ponto.

Eu vou parar de confiar no amor. Acho que, no fim das contas mensais, essa porra nem é amor mesmo. Eu tenho é de parar de gostar de me iludir. Eu sou patético. Olha só o que eu faço agora: com a faca com a qual eu me aliviaria os pulsos, eu perfuro os olhos dele. Patético, eu disse. Lá ele está, estagnado; como sempre. Acendo um cigarro, trago uma, trago duas e desperdiço apagando-o nos lábios desse filho de puta barata. Sim, eu preciso deformar esse corpo hoje alheio outrora meu! Porra, eu me doei! E, quando eu me dou, dói pra caralho! Quando eu me doo, é com prazer pós-dor, sim! Então o idiota insensível vem me dizer que não sabe ao certo se me ama?! Que talvez estejamos, ambos, errados; confusos; sem Deus?! Depois de duas semanas?! Porra! Duas semanas já são, sim, mais do que suficientes pra saber se se gosta ou não! Hum. Tolo assim precisa morrer... Mas que morra pra lá, enterrado submisso numa vagina qualquer. Só o que me resta agora, então, pois, é juntar fotografias e queimá-las com bitucas e desejar que ele, de algum modo – desde que lento e não indolor –, morra. Ou melhor, que perca um bago. Ou pegue um cancro. Não, gonorreia. Não, não: hemorroidas! Externas! Daquelas de terceiro grau, que te fodem ao inverso a cada cagada, sabe, que te deixam com o cu na mão?! Afinal – é clichê, eu sei, mas –, não quer ser meu?, então de ninguém mais, papai, de ninguém mais. Enfim, deixa estar. Meu orgulho é maior e me domina mais do que o pau dele. Quer dizer... É! É isso! Hum. O que fazer agora? Bom, desligar a webcam, tomar vontade, tomar um banho (só pra garantir), tomar mais um Lactopurga (só pra garantir) e mais tarde encontrar esse outro aqui. “moreno23”? É... Parece bonitinho. E tem belos olhos... E que lábios! E escreve com tanta... doçura... Tudo bem que com certeza é separado, mas... doçura e sensibilidade... Nossa, ele cita Caio Abreu! Será que finalmente encontrei quem também acredite no amor de verdade?! Não, para! Curte Uó e Catto?! É ele! É ele! É isso, Ricardo, vai lá! Dessa vez, vai! #partiu

Mergulhão