30 de out. de 2014

Distratos

Nazaré sonha com os abortos.
Silva não diz uns nãos.
Penha não denuncia Masoch.
Manfred não perdoa a filha.
Edy não faz o exame.
Eros nega divórcio.
Bela não sai da cama.
Agenor mistura Old Parr e AZT.
Jeová não nomeia o bastardo.
Zacarias se esquece do espírito.
Esperança vicia-se em mágoa.
Sofia almeja salário mínimo.
Josafá devota fariseus.
Alma se veste.
Lara não emprega surdo.
Isabel não emprega preto.
Lira não entrega métrica.
Jair veta viado.
Silas penetra vaginas;
também Marco; e Jair. E Levy Casado/22. 
Acabe bolina Neto, o sobrinho.
Jesús não visita o pai.
Deewa Ginna Pusce teme cirurgia.
Vitória Narcisa descrê da depressão.
Você não finda igual.
Você não finda igual


del Praga e Mergulhão

Livro de Meu Eu (ou M’Eu evangelho). Capítulo 2: A paixão de Meu Eu.

Livro de Meu Eu (ou M’Eu evangelho). Capítulo 2: A paixão de Meu Eu. 1 O amor é uma força fundamental. 2 Quando dois corpos de fato colidem, independente das cargas da vida, 3 há interação que transforma o real querer-se em mais vida. 4 Uma vez (mal) criado, Meu Eu não tem forma e, por isso, aspira o amar. 5 Meu Eu compreende ser necessário provar do banquete que é amar. 6 Assim – voraz, tolo e virgem –, 7 come Eros aos nacos e saboreia porções de Psiquê, 8 com Ludus e Ágape nutre a faminta e maníaca limerância. 9 Meu Eu faz-se presente quando ama, 10 pois aquele que não ama só merece adeus. 11 Por temer adeus, Meu Eu saúda amor todo dia, 12 amando como se aquele instante existente persistisse em ser eterno. 13 Meu Eu aprende que o amor em verdade consome quem teima tê-lo: 14 o amor bolina; 15 o amor perfura; 16 o amor agride; 17 o amor espanca; 18 o amor bocage; 19 o amor byron; 20 o amor shelley; 21 o amor goethe; 22 o amor schiller; 23 o amor zorrilla; 24 o amor chopin; 25 o amor tchaikovsky; 26 o amor garrett; 27 o amor castelo-branco; 28 o amor de-passos; 29 o amor calasans; 30 o amor de-azevedo; 31 o amor de-abreu; 32 o amor de-alencar; 33 o amor manuel-de-almeida; 34 o amor drummond; 35 o amor vinícius; 36 para, após ímpeto e tempestade, lançar, depressão abaixo, o espírito inebriado. 37 Então o amor falha. 38 Sim, o amor falha. 39 O amor sempre falha por não saber estar paixão. 40 Paixão é antimatéria; 41 desafia a razão do átimo-viver e toda a existência consome. 42 Paixão tem de ser em gota 43 para não – matéria escura – enganar olhos na penumbra. 44 Ser paixão, pois, é suicidar; 45 pois estar paixão é comprometer-se depois. 46 Paixão é força motriz do ejacular do amor. 47 Paixão é combustível à labareda de quem ama. 48 De onde se emana calor. 49 E refaz-se a luz.


Mergulhão

29 de out. de 2014

Mimesis II

Se você fosse um porquinho da Índia
e se enamorasse por outro de espinho,
perdoaria com dores veladas o selvagem amante por seu vil carinho?


Mergulhão

Mimesis

Se você fosse uma estrela no mar
e se apaixonasse por outra do céu,
embarcaria em viagem só ida sem bússola ou asas nem carta estelar?


Mergulhão

19 de out. de 2014

Barda, torpe trova

ímpar arte de se embriagar consigo
ao banco dum bar segunda
do fingir que a cidade é fria às onze
Elis-Piaf extrema à vitrola no pulmão meu que resta
oitavas que nem Mado Robin se atreve
o divagar da existência devagar
garrafa vazia de alvo a bituca
testemunha do trânsito fluorescente
do céu incandescente
de pernas deliberantes
das dores dos cotovelos dos vizinhos de boemia
que se inebriam de sua voz em euforia-alaúde
sua beleza
sua liberdade
sua verdade
seu amor


Mergulhão