21 de dez. de 2016

Desgirassou

Desde o princípio Abelha
jurou sugar de pólen
que fosse apenas meu.
Assim campos fizemos
de um vivo amarelo
mui louro e majestoso
que em recompensa Sol
fez-me Seu girador.

Tão divina família
que mesmo bicho homem
rendeu-se ao nosso mel.
 Mais sóis semearemos,
minha flor-caramelo! 
zumbia orgulhoso
o inseto que esposou
a planta de áurea cor.

Porém, rosa vermelha,
cravo e dália também
vêm amargar-me a fel;
e após provar crisântemos
qualquer receptáculo
propõe à Abelha gozo.
Entre tons me restou
um ocre sem vigor.

A Estrela nem me esguelha
e agora os dias nascem
como a quem já morreu:
destecem-me os ramos,
não brilho à ouro belo,
caule não mais vistoso.
 Prazer; Desgirassol.
Alcunha Segue-Dor.


Mergulhão

Nato

Seguro teu rosto em minhas mãos
a te acautelar de que em mim estás seguro.
Aninho tua fronte no meu peito-forte
a te certificar de que lá é teu ninho.
Aqueço teu corpo bem côncavo ao meu
a te reconfortar ao calor do acalanto.

Ainda que o andar solitário me seja norte,
caminhar contigo me trilhou novo rumo.
Mesmo que à noite eu, só, esteja pleno,
é nela que há complemento por um sermos.
Antes meu espírito errante vagava na ausência;
hoje meu ânimo goza apenas em tua presença.

Por isso e tudo é só por ti o nascimento
 todo dia  do qual provo e ouso vir.
Eu, então, renato, nascido de novo,
como a Semente-Sol, a Criança da Promessa
em natalício rito de luz n’A Noite do Inverno,
findo e reato meu ciclo em ti por nós.


Mergulhão